Edison Lobão: "não foi apagão"

A revista britânica “The Economist” ironizou declarações do ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, negando que o país teria enfrentado novos apagões dizendo que "os brasileiros têm de se acostumar às “interrupções temporárias” toda vez que ligarem o ar-condicionado". Em sua edição que chegou às bancas nesta sexta-feira, a revista traz uma matéria sobre os recentes blecautes que deixaram "no dia 4 de fevereiro quase 50 milhões de pessoas em oito Estados no nordeste do país sem energia na maior parte da noite". A matéria da “The Economist” cita a declaração feita pelo ministro negando que tivesse havido um apagão na ocasião e dizendo que o problema se tratou de uma "interrupção temporária no fornecimento de energia". A revista afirma que, para lidar com esse cenário, o governo está planejando investir R$ 214 bilhões no setor, vindo tanto dos cofres públicos como da iniciativa privada. Parte dessa verba se aplicaria em fontes alternativas de energia, como a eólica e a gerada por biomassa. No entanto, a maior parte do dinheiro será direcionado a novas hidrelétricas, como a polêmica Belo Monte. O Brasil, lembra a revista, teve 91 apagões em 2010, 48 a mais que em 2008, e que em grandes cidades, cortes de energia localizados estão se tornando cada vez mais comuns. (UDOP – 11.02.2011) Fonte - Nuca          

Comentários

  1. USINAS DE FIO D’AGUA

    Não constitui nenhuma surpresa o baixo custo das recém-licitadas usinas da Amazônia, de vez que têm pequenos reservatórios. Mas, o custo ainda pode sofrer alterações devido aos custos ambientais e logísticos do transporte e instalação de grandes geradores em plena selva Amazônica. Todas são usinas de fio d’água que requerem complementação térmica quando utilizadas para a produção local de energia e/ou produção de eletro-intensivos de maior valor agregado com energia incorporada. Constitui um modo de armazenar energia de águas que seriam vertidas de qualquer maneira. As grandes descobertas de gás na região facilitam a complementação térmica através de gasodutos já construídos.
    Por outro lado, como são complementares, podem tambem ser usadas para suprir deficiência do Sudeste. Mas, o grande inconveniente está na concentração e nos elevados riscos da transmissão e da custosa distribuição.



    FONTES DE ENERGIA ALTERNATIVA
    As usinas de fio d’água da bacia amazônica são econômicas se utilizadas localmente como é o caso das usinas de bulbo, sem reservatórios. Se tiverem que passar pelo custoso processo de distribuição, tornam-se antieconômicas.
    Turbinas eólicas são equipamentos lentos e caros tanto quanto turbinas de bulbo e grandes turbinas Kaplan. Mas podem ser viáveis quando próximas e complementares de um sistema pronto, como é o caso do NE.
    Nos países industrializados a maioria dos potenciais hidroelétricos já foi utilizada, em razão da sua evidente economicidade. Passaram pela “seleção natural” e hoje constituem raridade. Nestes países as usinas eólicas tem a vantagem adicional de reduzir o consumo atual das usinas térmicas à combustível fóssil. Esta é a principal razão do seu grande sucesso.

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  2. GRANDES EMPRESAS: resultados duvidosos

    Quem diria! Visões iguais em tempos distintos. Tudo parece conspirar para o retorno triunfal dos grandes empreendimentos hidroelétricos e nucleares. Menos para ambientalista e cientistas.
    Não é mera coincidência que as maiores hidroelétricas do mundo sejam iniciativas de governos autoritários e populistas, justamente aqueles condenados no passado, inclusive pelo governo atual, um dos seus maiores críticos. No entanto incide no mesmo erro da concentração de energia e riscos operativos, ignorando a posição de cientistas renomados como o professor Goldemberg. A comparação de Belo Monte com as grandes usinas é ridícula: todas são igualmente perniciosas: Brasil e China no meio.


    Pressionados por ambientalistas os técnicos acabaram – por tentativa e erro – descobrindo o óbvio: o baixo custo das usinas sem reservatórios, justamente os componentes de maior custo de empreendimentos hidroelétricos. Coisa que os cientistas estavam cansados de saber.
    Descobriram tambem que usinas de fluxo de água (turbinas de bulbo) e usinas eólicas poderiam ser complementares de sistemas prontos e estabelecidos, independente do custo maior do equipamento propriamente dito, justamente por dispensar o complexo e arriscado sistema de transmissão em alta tensão, independente do custo maior do equipamento propriamente dito.
    Este é o caso especial das usinas eólicas próximas e complementares do Sistema Nordeste e das usinas de bulbo de pequenas dimensões, complementares de termoelétricas a gás de baixo custo.

    FUGINDO AO CONTROLE

    Não é a toa que os donos de estabelecimentos sejam “incentivados” a instalar geradores de reserva, o que é uma evidência da necessidade de térmicas complementares nos períodos de pico de demanda, ou seja: o privado se antecipando em relação ao público. Só que deveriam seguir o procedimento do hospital da minha cidade e mantê-los ligados o tempo todo, deixando a concessionária de reserva: sai mais em conta.
    Hospitais não podem prescindir de geradores próprios em face dos constantes apagões. Outros estabelecimentos de uso público tambem já perceberam que não podem dispensar geradores próprios bem como os sistemas de aquecimento solar e refrigeração, sobretudo porque o custo de permanecer ligado é menor do que o valor cobrado pela tarifa da concessionária.
    A ANEEL não tem como impedir este tipo de informalidade que acabará sendo seguido por outros usuários.
    O governo se aproveita do baixo custo de geração das recém-licitadas usinas – justamente daquilo que poderia ser um fator positivo de baixas tarifas para o setor industrial que mais emprega – para utilizar o custoso sistema de distribuição como máquina arrecadadora de impostos. Estes, por sua vez, são utilizados para subsidiar o perdulário transporte rodoviário, o agronegócio e mineração que pouco emprega. Alem do mais, alimentar o luxo do grande número de automóveis circulando nas grandes cidades. Isto é o que chamo de “política suicida”: o contrário do que faz a China.

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  3. Desculpe a insistência: Não se trata de comparar isoladamente usinas eólicas e usinas hidroelétricas, independente do contexto global do sistema em que estão inseridas. A turbina eólica é um equipamento, tanto quanto a turbina de bulbo que pode ser acrescentado em algum lugar do sistema para tornar o custo global menor, independente do custo próprio.

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  4. Agora não dá mais pra cercar:
    Shopings, hospitais, bancos, bolsas e até igrejas não vão querer perder clientes por fal de energia. Qualquer fonte custa e polui menos do que a energia da concessonária. Inclusive na Amazônia.
    O gás é um subproduto da exploração de petróleo que está sendo queimado por falta de usuários. Custa quase nada e polui pouco.
    O alerta e do professor Adriano Pires e a sugestão do secretário José Anibal:
    Parabrens para os dois.

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